A Bahia figura entre os estados brasileiros com os maiores problemas de acesso à creche para crianças de até 3 anos, segundo o Panorama do Acesso à Educação Infantil no Brasil, divulgado pela ONG Todos Pela Educação em 2025.
A Bahia figura entre os estados brasileiros com os maiores problemas de acesso à creche para crianças de até 3 anos, segundo o Panorama do Acesso à Educação Infantil no Brasil, divulgado pela ONG Todos Pela Educação em 2025. O estudo corrobora dados levantados nacionalmente pela pesquisa Retrato da Educação Infantil no Brasil: acesso e disponibilidade de vagas, conduzida em 2024 pelo Gaepe‑Brasil em parceria com o MEC e organizações civis.
Números nacionais: o que avaliou o levantamento
- Em todo o país, 632.763 crianças aguardam por vaga em creches públicas.
- 44% dos municípios brasileiros (2.445 cidades) reportam fila de espera para creche; em 88% desses casos a causa é falta de vagas.
- Na pré‑escola (crianças de 4 a 5 anos), cerca de 78 mil crianças não frequentam esse nível — metade por falta de vaga.
- O levantamento obteve participação integral, com todos os 5.569 municípios e o Distrito Federal respondendo ao questionário.
Bahia: cenário local
- A Bahia ocupa o segundo lugar entre os estados com maior número de crianças de 0 a 3 anos sem acesso à creche (cerca de 220,5 mil crianças), só atrás de Minas Gerais.
- Na faixa etária de 0 a 1 ano, apenas 8,3% das crianças conseguiram vaga em creche no estado em 2024.
- O estado tem taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos na creche de 36,9%, inferior à média nacional, que é de 41,2%.
- aga, distância ou escola distante demais.
- O município tem feito esforços para ampliar vagas: de acordo com a gestão local, o número de vagas em creches foi ampliado em cerca de 150%; passou de ~ 17 mil para mais de 40 mil.
Análise e implicações
Esses dados mostram que, mesmo onde o índice de atendimento está acima da média nacional, há fortes lacunas, especialmente para crianças muito jovens e nos municípios com menos estrutura. No caso da Bahia:
- A baixa cobertura para 0‑1 ano evidencia que muitos bebês ficam sem creche, o que pode aumentar desigualdades, já que creches oferecem estímulo educacional, nutrição, convívio social etc., importante para o desenvolvimento nessa faixa etária.
- A diferença entre Salvador e o estado como um todo mostra que cidades maiores ou capitais têm condições melhores de prover infraestrutura, mas isso não resolve a situação nos municípios menores, principalmente em áreas rurais ou periféricas.
- Os elevados números de crianças fora da creche também colocam pressão sobre políticas públicas de expansão de vagas, cumprimento de metas do Plano Nacional de Educação (PNE), além de demandarem articulação entre União, estado e municípios para investimento em creches, recursos humanos, transporte etc.
O que se espera
Especialistas entrevistados recomendam:
- Priorização da ampliação de vagas para crianças de 0 a 1 ano, faixa mais prejudicada.
- Investimentos em infraestrutura (creches novas ou ampliação das existentes), especialmente em municípios com menor cobertura.
- Critérios claros de priorização de matrícula, transparência das listas de espera e atuação de controle social para garantir que vagas cheguem a quem mais precisa.
- Programas de incentivo ao tempo integral, transporte escolar acessível e formação de profissionais de educação infantil.
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