Conselho Estadual de Saúde da Bahia repudia expulsão de doutora em Saúde Pública de Conferência do Sus


O motivo da expulsão foi o uso de pronomes neutros, uma prática de inclusão e respeito à diversidade de identidades de gênero. 




O Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA) manifesta seu repúdio à expulsão da doutora em Saúde Pública, Maria Inês da Silva Barbosa, durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá. O episódio, protagonizado pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL-MT), é um atentado à democracia participativa e uma ameaça direta à autonomia dos Conselhos de Saúde em todo o país.

O motivo da expulsão foi o uso de pronomes neutros, uma prática de inclusão e respeito à diversidade de identidades de gênero. Trata-se de uma postura inaceitável, que evidencia a crescente tentativa de silenciar vozes plurais e progressistas nos espaços de construção coletiva do SUS.

Maria Inês é referência nacional na área da Saúde Coletiva, com atuação marcada pela defesa dos direitos sociais, da equidade e do enfrentamento ao racismo institucional. É doutora em Saúde Pública, ex-diretora da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz), foi coordenadora da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Ministério da Saúde e tem uma trajetória reconhecida por sua contribuição científica e política à construção do SUS.

Para o presidente do CES-BA, Marcos Gêmeos, o ato é inaceitável e será levado ao debate nacional. “Levaremos essa pauta para a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que será realizada em Brasília. Não podemos naturalizar esse tipo de conduta autoritária. Precisamos proteger os espaços democráticos de debate e construção coletiva do SUS”, afirmou.

Marcos também destacou o caráter estruturalmente violento do ocorrido: “Esse não é um ataque apenas à Maria Inês, mas a tudo o que ela representa. Estamos falando de uma das poucas doutoras negras do nosso país, um país onde o racismo impõe barreiras históricas e insiste em não aceitar que uma mulher negra ocupe com legitimidade um espaço de fala e autoridade técnica”.

As conferências de saúde são instrumentos legítimos da democracia participativa, onde usuários, trabalhadores e gestores do SUS debatem políticas públicas e propõem caminhos para a garantia do direito à saúde. Impedir a manifestação de uma profissional com a trajetória e o compromisso de Maria Inês fere profundamente os princípios do controle social, da pluralidade de ideias e da participação cidadã.

O CES-BA reforça sua solidariedade à doutora, Maria Inês da Silva Barbosa, e reafirma seu compromisso com a defesa intransigente da autonomia dos Conselhos de Saúde e com um SUS público, universal, democrático e antirracista.

Postar um comentário

0 Comentários

Notícias

R$ 2,97 bilhões. Investimento no Estaleiro de São Roque deve gerar 6,7 mil empregos no Recôncavo Baiano